Último episódio de tokusatsu: por que Jiban, Kamen Rider e Cybercops não tiveram final?
Quem acompanhou as séries de tokusatsu no Brasil nos anos 80 e 90, com certeza, se perguntou o seguinte: por que as emissoras não exibiam o último episódio de tokusatsu?
Sim, é isso mesmo. Era muito comum uma série ir ao ar até o penúltimo episódio e, bem quando o público estava ávido para assistir a conclusão no dia seguinte, o que acontecia? A série simplesmente voltava a ser exibida desde o primeiro episódio. E quando a reprise terminava e todos achávamos que finalmente o capítulo final seria transmitido…a série voltava para o início de novo!
E, afinal, por que isso acontecia? Para responder essa pergunta de uma vez por todas, redigimos este artigo! Por isso acompanhe-o até o final!
Como as séries tokusatsu são transmitidas no Brasil e no Japão?
Devemos começar a explicação apontando como os Super Sentais, Kamen Riders, Ultraman, entre outros seriados do gênero, são transmitidos originalmente na terra do sol nascente e também aqui no Brasil.
Não apenas os tokusatsus, mas também animes, dramas e afins têm exibição semanal no Japão, ou seja, o público assiste um episódio por semana, algo que nós, brasileiros, já nos habituamos já que as séries norte-americanas transmitidas pela TV a cabo seguem o mesmo esquema.
Porém, o público brasileiro também cultivou o hábito de assistir programas de televisão todos os dias como novelas e minisséries. E nos anos 80 e 90, época em que poucas pessoas tinham TV por assinatura, isso era um padrão. Logo, seria, no mínimo, estranho assistir um seriado semanalmente, ainda mais tratando-se de uma atração infantil. Por essa razão, os heróis japoneses eram exibidos todos os dias por aqui.
Por outro lado, no Japão, essa séries possuem uma média de 50 episódios cada uma por razões estratégicas. Afinal, no Japão, sua transmissão dura exatamente um ano, tempo em que o marketing é feito para promover a oferta de produtos, shows e tudo mais que levar o nome da série da vez.
É claro que a ideia das distribuidoras era fazer o mesmo no mercado brasileiro: levar o público a consumir bonecos, cadernos, mochilas, entradas de circo-shows e o que mais tiver a marca dos heróis nipônicos. Mas, como fazer isso ao longo de um ano sendo que as séries seriam exibidas por completo em menos de três meses? Havia somente uma maneira: reprise.
Começa a técnica das reprises e dos novos episódios
Com o sucesso de Jaspion e Changeman, a distribuidora Everest Vídeo decidiu trazer mais séries do gênero para serem transmitidas pela Rede Manchete. A primeira escolhida foi Flashman.
Como a ideia era trabalhá-la durante o ano de 1989, foi dado início a uma técnica que se tornou bem conhecida na época: exibir alguns episódios e reprisá-los. Além de isso dar tempo para que os demais fossem dublados, a audiência continuava engajada durante as reprises na espera dos episódios inéditos, e isso ajudava a prolongar o tempo de exibição da série no Brasil.
Isso não ocorreu somente com os tokusatsus, mas também com os animes: Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho, Shurato, entre outros, tinham constantes anúncios de novos episódios na programação da Rede Manchete, por exemplo. Contudo, eles tiveram os finais exibidos.
E por que com os tokusatsus foi diferente? Há quem diga que, devido ao fato dos episódios terem quase sempre o mesmo formato (monstro aparece, herói derrota o monstro, fim), o público não perceberia se a série está ou não no final. Portanto, exibi-las até o penúltimo episódio e reprisá-las constantemente daria aos espectadores a impressão de que ela ainda está em andamento.
Se for mesmo essa a razão, não é uma estratégia muito inteligente, pois as pessoas sabiam que o episódio faltante era justamente o último, pois restava unicamente o vilão principal a ser derrotado.
Claro que essa técnica não era usada por todas as emissoras. A Rede Globo, Bandeirantes e SBT transmitiam os seriados na íntegra sem qualquer problema. Já na Manchete e Record eram comuns vê-los reprisados, mas sem o episódio final.
Assim, algumas séries só tiveram seus desfechos exibidos após inúmeras reprises – como os próprios Jaspion, Changeman, Flashman, Jiraiya, Lion Man – e outras nunca viram a luz da telinha.
Quais as séries não tiveram o último episódio de tokusatsu exibidos?
Até hoje há pessoas pensando que os heróis japoneses sequer tiveram seus finais produzidos tal como Caverna do Dragão, contudo, eles tiveram final sim, simplesmente não passaram por aqui e os motivos foram variados.
Listamos abaixo as séries cujo final o público brasileiro não viu e as razões.
Jiban, o policial de aço
O herói interpretado por Hiroshi Tokoro foi o primeiro da leva de personagens que não tiveram final. Na época, 50 episódios foram transmitidos pela Rede Manchete, os 2 finais nunca foram vistos.
Até o fechamento deste post ainda não se sabe ao certo se eles foram adquiridos pela Top Tape e dublados pela Álamo na época. Como tanto a Top Tape quanto a Manchete não existem mais, tampouco o acesso às fitas masters. Por essa razão, a Focus Filmes, ao lançar Jiban no Brasil em DVD em 2011 teve de mandar dublar os episódios finais.
Cybercops, os policiais do futuro
Uma das séries mais queridas pelo público brasileiro, apesar da baixa produção e levar a assinatura da Toho, enquanto as demais eram produções da Toei. Por ter poucos episódios, Cybercops começou sendo exibido apenas duas vezes por semana e, quando passou a ser transmitido diariamente dentro do bloco Sessão Super-Heróis, passou a ter constantes reprises.
Neste caso, o final foi adquirido pela Sato Company e dublado pela BKS. Contudo, a Manchete nunca o passou possivelmente por conta da técnica de reprisar até cansar o público e exibir o episódio final como última cartada, sendo que isso nunca aconteceu.
Anos depois, no começo dos anos 2000, Nelson Sato, o dono da Sato Company, liberou o final dublado para os fãs em formato VHS e finalmente os fãs dos policiais do futuro puderam assistir o desfecho da trama.
Spielvan, o guerreiro dimensional
Spielvan, que ficou conhecido aqui como Jaspion 2, é tida como a série tokusatsu de final mais confuso já produzido (que inclusive inspirou o Toku Blog a criar um fanfic que você pode ler aqui) e teve 40 de seus 44 episódios transmitidos.
Até o fechamento deste artigo não se sabe a razão certa pela qual a série estrelada por Hiroshi Watari não teve seu fim exibido, embora tudo indica que a razão tenha sido a mesma de Kamen Rider Black.
Kamen Rider Black, o homem mutante
O primeiro representante do gênero cativou logo de cara o público nacional por trazer um personagem completamente diferente dos vistos até então, além de uma história mais dramática e com toques de terror.
O motivo pelo qual o final não foi transmitido é simples: a série tem 51 episódios e cada fita master comporta 10 episódios. Isso significa que a Everest Vídeo teria de pagar o valor integral de uma fita por somente um episódio, e isso fez os envolvidos pensarem que não valeria a pena. E foi assim que os fãs nunca assistiram a batalha final entre Black Sun e Shadow Moon, somente anos depois quando o capítulo final foi disponibilizado em japonês pela internet.
Kamen Rider Black RX, o filho do sol
A continuação direta de Kamen Rider Black ainda gera dúvidas no público: alguns disseram que a Rede Manchete nunca passou o final, já outros defendem que sim, pois existe tal episódio dublado.
O que, de fato, aconteceu foi o seguinte: a Rede Manchete não exibiu o episódio final, manteve as reprises do primeiro ao penúltimo episódio até o dia em que a série saiu do ar. Porém, a Intermovies a lançou completa em VHS, incluindo o último episódio inédito na TV. Dessa forma, alguns puderam assisti-lo na época e outros o fizeram tempos depois ao adquirir cópias com fãs e, anos mais tarde, na internet.
E você? Acompanhava essas séries pela TV? Também aguardou pacientemente cada último episódio de tokusatsu? Então, deixe um comentário e conte como foi!