Tokusatsu americano: quais são as séries co-produzidas nos EUA?
Muito embora o tokusatsu no Brasil tenha feito muito sucesso nos anos 80 e 90 assim como noutros países ocidentais – França, Peru e Havaí, por exemplo – e também na Ásia – como China, Coréia do Sul, Filipinas – num ponto do ocidente os heróis nipônicos tiveram de passar por uma adaptação cultural, dando origem ao tokusatsu americano.
Essas séries são adaptações feitas nos Estados Unidos (ou por empresas de lá) de modo que as cenas com atores japoneses sejam substituídas por atores norte-americanos a fim de adequar personagens, história e costumes ao público ocidental. As opiniões entre os fãs de heróis japoneses são divergentes: alguns defendem a adaptação, outros dizem preferir as versões originais feitas no Japão.
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E afinal, quais produções japonesas se tornaram tokusatsu americano?
Para responder essa pergunta, trazemos aqui todas as séries em ordem cronológica. Vamos vê-las?
Godzilla, o Rei dos Monstros
Sim, é isso mesmo que você leu! O filme clássico de 1954 criado por Eiji Tsuburaya, dirigido por Ishiro Honda e produzido pela Toho que desencadeou a ficção científica japonesa foi o primeiro a ser adaptado ao público norte-americano.
Assim, “Gojira”, nome original da obra, se tornou “Godzilla King Of The Monsters” quando chegou dois anos depois aos EUA. Embora a história tenha sido mantida, o filme passou a ter um novo protagonista: Steve Martin, um jornalista que viaja ao Japão e testemunha os ataques do monstro gigante.
Mighty Morphin Power Rangers
Este é o mais conhecido pelo público. A série produzida no ano de 1993 conta as aventuras de cinco jovens da cidade de Alameda dos Anjos que recebem poderes para combater a bruxa Rita Repulsa (interpretada por Machiko Soga) e sua horda de vilões.
Essa primeira adaptação teve como base o Super Sentai Kyoryu Sentai Zyuranger de 1992 e, desde então, anualmente Power Rangers tem uma temporada nova usando cenas do esquadrão japonês do ano anterior (salve algumas exceções).
De todas as maneiras, eles foram os que originaram diversos outros tokusatsus americanos que você confere a seguir.
VR Troopers
De todas as adaptações americanas, esta talvez seja a de menor prestígio pelos fãs de heróis japoneses, sobretudo no Brasil. Afinal, esta tratou-se de uma mesclagem de duas séries muito queridas pelo público daqui: Spielvan (que também ficou conhecido como Jaspion 2), Metalder e Shaider.
Como se não bastassem os footages improvisados pela Saban International (mesma produtora de Power Rangers) para fazer parecer que heróis de séries diferentes estão juntos em combate, também foram produzidas versões yankees das armaduras que mais pareciam cosplays medianos, deixando muito claro ao espectador que se tratam de duas vestimentas diferentes.
Masked Rider
Outra adaptação pouco prestigiada pelos brasileiros por se tratar de uma versão norte-americana de Kamen Rider Black RX que também fez sucesso por aqui ao ser exibido pela Rede Manchete em meados dos anos 90.
A exemplo dos demais, a história é completamente diferente e não tem nenhuma conexão com as demais séries do gênero Kamen Rider. O uniforme, desta vez, era idêntico ao japonês, mas ainda eram perceptíveis as diferenças das cenas feitas nos Estados Unidos e as que foram rodadas no Japão que tinham uma qualidade superior apesar de ser uma produção quase dez anos mais antiga!
Durante alguns episódios também foram usadas cenas de Kamen Rider ZO e Kamen Rider J. Porém, o footage foi feito para dar a impressão de que eles e Masked Rider / Kamen Rider Black RX são o mesmo personagem. O resultado ficou nada bom.
Bettleborgs
B-Fighter é a décima quarta série do gênero Metal Hero que seria usada para a terceira temporada de VR Troopers, mas acabou dando vez à uma nova atração: Bettleborgs.
Esta, seguramente, surpreendeu o público, pois não se trata de uma série de ação e sim de comédia e terror! Ao contrário de B-Fighter, protagonizado por um trio de policiais, os Bettleborgs são três crianças que recebem de um fantasma os poderes dos heróis de mesmo nome que são personagens de uma história em quadrinhos.
Como os vilões também escaparam das HQs, as lutas entre eles e os Bettleborgs começam. A série rendeu ainda uma segunda temporada, Bettleborgs Metalix, que usou cenas de Kabuto, sequência de B-Fighter no Japão.
Super Human Samurai Cyber Squad
Enquanto Power Rangers, Troopers, Masked Rider e Bettleborgs levam a assinatura da Saban International e Toei Company, Super Human Samurai Cyber Squad é uma produção da DIC Entertainment e traz cenas de Gridman da Tsuburaya Productions.
A história não teve muita alteração em relação à original: um grupo de adolescentes descobrem Servo, um programa de computador destinado a enfrentar monstros mega vírus criados e comandados por Kilokhan, soberano do Mundo Digital, que pretende dominar todos os computadores do mundo.
Apesar da baixa produção e da falta de um desfecho (talvez pelo fato da DIC ter esperado o lançamento de Gridman Sigma no Japão para lançar uma nova temporada, o que nunca aconteceu), Super Human Samurai conseguiu cativar bem o público brasileiro por ter sido distribuído pela Sato Company, exibido na Rede Manchete junto à muitos animes, além de receber a dublagem da nostálgica Gota Mágica, a mesma de Cavaleiros do Zodíaco.
Kamen Rider Dragon Knight
Esta é a versão americana de Kamen Rider Ryuki, a terceira série dos Kamen Riders Heisei.
A trama gira em torno de Kit Taylor que, enquanto procurava seu pai desaparecido, encontra um deck de cartas especial que permite que o usuário se transforme em um Kamen Rider e utilize armas e poderes únicos. Assim, ele o usa para se tornar Kamen Rider Dragon Knight.
Logo, seu caminho se cruza com Len, o Kamen Rider Wing Knight, e ambos unem forças após descobrir que um senhor alienígena chamado General Xaviax é responsável pelo desaparecimento de seu pai e, não obstante, pretende sequestrá-lo assim como toda a raça humana para ganhar poder e reconstruir seu mundo natal.
Xaviax engana as pessoas na Terra para trabalhar para ele, prometendo-lhes o que quiserem, ou em alguns casos, explorando seus medos e desespero. E assim começam as aventuras da dupla de Riders para impedir que Xaviax conquiste seus planos.
Existem outras versões americanas de tokusatsu?
Sim, porém, por meio da dublagem. As séries acima são conhecidas pelo público como versões sabanizadas, ou seja, com as cenas de atores japoneses substituídas por atores americanos. Porém, algumas produções japonesas, mesmo mantendo o cast original, ganharam uma versão parcial ou completamente diferente por conta da forma como foram dubladas. Vejamos quais foram.
Dynaman
Dynaman foi o primeiro Super Sentai a ser transmitido para todo o EUA. Apenas 13 episódios foram dublados e exibidos no programa humorístico Night Flight.
Como ficou claro que as produções japonesas eram orientais, pitorescas e violentas demais para serem exibidas ao público infantil, Dynaman trouxe uma nova proposta: adaptá-la numa comédia para o público adulto.
A abertura do programa apresentava os heróis da seguinte maneira: “Cinco belos amigos japoneses: Wooshi, seu líder, é Dynared! Huba, capaz de subir em árvores altas, é o Dynablack! Franky, o motor humano, é o Dynablue! Cowboy, o especialista em armas, é Dynayellow! E a que restou, Slojin é Dynapink!”
Ultraman Tiga
O primeiro Ultra da Era Heisei foi levado aos Estados Unidos pela 4kids Entertainment e, diferente de Dynaman, não teve o ritmo da série modificado, mas a dublagem não ficou livre de algumas piadinhas.
Por exemplo: durante o ataque ao monstro, um dos personagens comenta algo próximo de “esse monstro é mais feio que a minha sogra”. Esses toques de humor podem ter sido aplicados para abrandar o lado dramático da série assim como as séries adaptadas também intencionaram fazer.
Existe tokusatsu americano que é 100% feito nos EUA?
Nem todas as séries americanas são feitas a partir de adaptações de produções japonesas, existem aquelas que levam assinatura total dos yankees. Destacamos aqui as principais:
Capitão Power e os Soldados do Futuro
Capitão Power e os Soldados do Futuro é uma série americana e canadense produzida em 1987 que combina ação ao com animações em CG. Foi exibida no Brasil pela Bandeirantes no começo dos anos 90 junto de outras séries tokusatsu e também do seriado Kiko.
Uma linha de brinquedos também foi produzida pela Mattel, que chegou a produzir comerciais exibidos durante a série que interagia com os brinquedos. Michael Straczynski, escritor principal de Capitão Power, tinha planos para trazer a série de volta em 2016, o que acabou não acontecendo.
Os Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills
A série ficou mais conhecida pelo seu enorme nome do que pela história, personagens e afins. Por essa razão, trazemos a vocês aqui.
Os Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills traz a história de quatro adolescentes que são convocados por Nimbar, uma bolha viva, para combater os monstros enviados pelo Imperador Gorganos do planeta Melécula.
A série foi exibida no Brasil pelo SBT em meados dos anos 90 e teve alguma aceitação do público por pegar carona no sucesso de Power Rangers. Vale destacar algumas curiosidades sobre ela:
- A exemplo dos Super Sentais, o esquadrão também teve um striker que só apareceu durante um episódio. O quinto membro se chamava Orion e foi interpretado por Kevin Castro que também fez o papel de Tanker em Super Human Samurai.
- Há um boato de que a DIC, que produziu ambas as séries – Super Human e Jovens Tatuados – teria tido a ideia de adaptar Battle Fever J ao público americano assim como a Saban fez com Zyuranger, mas que a ideia não deu certo pelo fato da Miss América – personagem americana do esquadrão – não ser a protagonista. Contudo, o visual e o protagonismo feminino teriam inspirado a criação dos Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills, segundo esse boato.
E o que os japoneses pensam sobre o assunto?
Quando estive no Japão, tive a chance de falar com um dos atores e dublês das séries Kamen Rider a respeito de Kamen Rider Dragon Knight, versão americana de Kamen Rider Ryuki. Perguntei o que eles achavam do fato das versões japonesas e originais não chegaram ao público ocidental que agora só conhece Power Rangers.
Eles me responderam que, por uma questão de aproximação cultural, é algo válido já que pessoas de países ocidentais podem ter dificuldade de entender os costumes japoneses presentes nesse tipo de produção.
E você? Já assistiu algum tokusatsu americano? O que acha das adaptações? Deixe a sua opinião aqui nos comentários.