Robôs de tokusatsu

Robôs de tokusatsu: quanto falta para os vermos no mundo real?

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Uma das principais características das séries japonesas é a presença de robôs de tokusatsu gigantes, sobretudo em gêneros como Super Sentais e Metal Heroes. Eles estimulam o nosso imaginário e nos leva à seguinte pergunta: quanto falta para vermos eles em ação no mundo real?

A verdade é que construir robôs gigantes pode ser bem mais complicado. Acompanhe este artigo até o final para saber os principais pontos necessários para fazer isso acontecer.

Em termos de robô gigante, tamanho é documento?

De acordo com Andy Ruina, professor de robótica da Universidade Cornell dos Estados Unidos, ser grande não significa ser melhor. Afinal, quanto maior alguma coisa for, mais fraca ela se torna de acordo com o seu peso corporal conforme já apontamos neste artigo sobre o que acontece quando os monstros ficam gigantes.

Antes de falarmos de robôs, pensemos num personagem de tokusatsu que tem o poder de ficar gigante como, por exemplo, o Spectreman. Quando ele aumenta de tamanho, faz crescer não apenas sua altura, mas também seu comprimento e largura. Assim, seu peso também aumenta e, consequentemente, seu consumo de energia. 

Os robôs gigantes de Super Sentai têm uma estatura média de 50 metros de altura, o que equivale a 28 vezes mais a altura de um ser-humano. Logo, é preciso fazer com que ele seja capaz de se locomover e pular alturas equivalentes à distâncias entre seus joelhos e o solo.

Como elas também são 28 vezes maiores, é preciso que o robô seja capaz de mover 2.800 vezes mais o peso, o que equivale a 28.000 vezes a necessidade de energia. 

Por essa razão, nem mesmo os dinossauros cresceram muito. Apesar de eles parecerem enormes nos filmes, o Tiranossauro Rex tinha entre 3,7 e 6,1 metros enquanto o Braquiossauro (considerado um dos maiores dinossauros da história) tinha entre 26 e 30 metros de altura. 

Na natureza, ser grande tem uma vantagem: comer, esmagar e mastigar. Porém, a principal desvantagem é justamente saber suportar o próprio peso. Por isso, em filmes ou séries de tokusatsu vemos criaturas enormes tendo dificuldades de lidar com seus gigantescos corpos em ambientes terrestres. Portanto, por que com os robôs seria diferente?

Quais são os materiais necessários para fazer robôs de tokusatsu gigantes?

Quando a ideia é construir um robô gigante tal como os que vemos em tokusatsu, é preciso ter os melhores materiais e fontes de energia.

Mas, quais são esses materiais? Alguns robôs (como o Daileon do Jaspion) são feitos no espaço, enquanto outros são construídos com tecnologia da Terra (como o Great Five dos Maskman). Então, quais um engenheiro deveria ter em mãos para fazer um robô gigante?

Acima de tudo, o peso é o principal fator a ser considerado. Por isso, o aço (uma das primeiras opções a surgir na cabeça de muitos de nós) é automaticamente descartado, pois apesar de ser forte, sua força proporcional ao peso é fraca, isso o torna inviável para um robô gigante.

Para Jekanthan Thangavelautham, pós-doutorado em robótica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o berílio é, teoricamente, a melhor escolha. Mas, seu metal é tóxico e corrosivo para a pele humana, além de ser letal quando inalado em forma de pó.

Assim, ele conclui que o titânio e o plástico reforçado com carbono podem ser os materiais mais apropriados em termos de resistência e segurança, mas isso não resolveria o problema da agilidade. Ou seja, robôs gigantes podem ser fortes, mas não rápidos (como o Titan Júnior de Flashman, por exemplo).

Quais são as melhores fontes de energia?

A forma como o peso e a força aumentam em relação ao tamanho significa que as necessidades do corpo gigante aumentam igual e exponencialmente. Quando falamos de robôs, que são mecânicos, nos referimos a combustível.

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Algumas fontes de combustíveis são usadas com frequência nesse campo (gasolina, óleo diesel, querosene, gás natural, xisto betuminoso, carvão, gás liquefeito propano). Porém, elas não seriam suficientes para mover um robô tão grande quanto os que vemos nos tokusatsus (sobretudo Super Sentais).

Thangavelautham aponta que alimentar esses veículos e deixá-los leves ao mesmo tempo é o maior problema, pois seria necessário encontrar um tipo de “energia exótica” que faça isso acontecer, ou seja, fontes energéticas não convencionais como fissão nuclear ou até mesmo a matéria escura.

Para se ter uma ideia, reatores de fissão são comumente usados em porta-aviões, mas seria necessário miniaturizá-los, além de melhorar a energia para fazer com que os robôs gigantes simplesmente caminhem.

Isso significa que capacidades vistas em tokusatsu, como pular a grandes distâncias e voar, seriam inviáveis, mesmo com os atuais reatores de fissão da atualidade, o que torna qualquer tokusatsu com mechas mais do que uma obra de ficção, mas também fantasia.

Então, é possível fazer robôs, mesmo sem ser gigantes?

O universo do tokusatsu não é composto apenas por robôs gigantes. Algumas séries trazem heróis que são robôs como Robot Keiji K, Metalder, Winspector, Kyuuranger, além de assistentes como os que vemos em Bioman, Fiveman ou mesmo em Power Rangers

Esses robôs são, contudo, dotados de uma inteligência artificial capaz de reproduzir comportamentos ou sentimentos humanos e até movimentos complexos como a Colon de Liveman fazendo o Moon Walking.

Por mais que sistemas robóticos possam realizar cálculos matemáticos dificílimos, fazer com que um robô caminhe ou execute tarefas com a mesma segurança e naturalidade de um ser humano é difícil, pois envolve muitos comandos. 

Vamos ver como exemplo pegar um copo d’água. Quando alguém está com sede e te pede um copo d’água, você vai até a cozinha, enche um copo de água e entrega a pessoa, certo? Bom, pois veja os comandos que você precisaria passar a um robô para executar uma tarefa tão simples:

  1. caminhe até a cozinha;
  2. depois, caminhe até a geladeira;
  3. pare de caminhar quando estiver em frente a porta da geladeira;
  4. abra a porta da geladeira;
  5. segure a garrafa de água;
  6. retire a garrafa de água da geladeira;
  7. caminhe até a mesa da cozinha;
  8. coloque a garrafa de água em cima da mesa;
  9. caminhe até o armário da cozinha;
  10. pare de caminhar quando estiver em frente ao armário;
  11. abra a porta superior do armário da cozinha;
  12. pegue um copo que está guardado dentro do armário da cozinha;
  13. enquanto segura o copo, feche a porta superior do armário da cozinha;
  14. caminhe até a mesa da cozinha;
  15. coloque o copo em cima da mesa da cozinha;
  16. pegue a garrafa de água;
  17. despeje água da garrafa dentro do copo;
  18. pare de despejar quando o copo estiver cheio de água;
  19. segure a garrafa e água;
  20. caminhe até a geladeira;
  21. pare de caminhar quando estiver em frente a porta da geladeira;
  22. coloque a garrafa de água no mesmo lugar onde estava;
  23. feche a porta da geladeira;
  24. caminhe até a mesa da cozinha;
  25. pegue o copo com água;
  26. caminhe de volta até a sala;
  27. entregue o copo com água para a pessoa que o pediu.

Como pôde ver, são muitas etapas para fazer o robô executar uma tarefa simples, logo, que dirá caminhar, correr, pular e dar cambalhotas como vemos nas séries de tokusatsu.

Então, é impossível ter robôs gigantes no mundo real?

Não é impossível, até porque o campo da robótica tem evoluído bastante. 

Entre os principais modelos humanóides de robôs do mundo atual, temos aqueles que são controlados de forma remota simulando os movimentos de seu controlador (como faz Kibaranger de Dairanger com seu mecha). Também é possível encontrar robôs como a Sophia que é capaz de conversar de forma natural com seres humanos (a ponto de dizer que irá matá-los).

Há também robôs que são desenvolvidos para exercer tarefas específicas como fazer entregas, preparar bebidas, atuar, ensinar e fazer exploração em áreas inóspitas onde o ser humano ainda tem dificuldades de chegar, por exemplo: locais muito quentes, muito frios, fundo do mar e até outros planetas.

À medida que essa tecnologia segue se desenvolvendo, pode ser que um dia a vejamos ser aplicada em robôs muito maiores, até porque alguns modelos já existem. Em Odaiba, no Japão, é possível ver uma réplica em tamanho real do Gundam capaz de mover cabeça e braços. Outro que tem a capacidade de andar está em desenvolvimento.

Assim, talvez não demore muito para vermos figuras como os robôs de tokusatsu atuando como tais. Mas, enquanto isso não se torna realidade, que tal analisarmos outros pontos referentes ao mundo dos heróis japoneses? Você tem ideia de como seria Tóquio se ela fosse destruída por monstros gigantes? Confira a resposta neste artigo que escrevemos!

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