Kenpachiro Satsuma

Kenpachiro Satsuma: o homem que deu alma ao lendário Godzilla

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Kenpachiro Satsuma é um nome que ocupa um lugar especial no universo do cinema japonês, especialmente entre os fãs de tokusatsu e monstros gigantes.

Conhecido principalmente por interpretar Godzilla em sete filmes da era Heisei, Satsuma construiu uma carreira singular como suit actor — ou dublês, profissionais que atuam usando pesadas fantasias —, trazendo vida ao icônico monstro da Toho.

Por meio de seu talento e dedicação, ele ajudou a redefinir a imagem de Godzilla, marcando uma geração de espectadores.

O início da carreira de Kenpachiro Satsuma

Nascido como Yasuaki Maeda em 27 de maio de 1947, na província de Kagoshima, Satsuma iniciou sua vida profissional em um campo bem distante do entretenimento: trabalhou em uma siderúrgica antes de decidir seguir seu sonho de atuar. Em 1967, ele ingressou na escola de atuação da Nikkatsu, uma das principais produtoras de cinema do Japão na época, onde deu os primeiros passos em sua carreira como ator.

Sua jornada no mundo do cinema começou com pequenos papéis em filmes de samurais e séries de TV. Foi em 1971, durante as filmagens de Godzilla vs. Hedorah, que Kenpachiro Satsuma teve sua primeira experiência como suit actor, interpretando o monstro Hedorah. Embora inicialmente relutante em aceitar o papel, ele acabou se destacando pela sua resistência física e capacidade de atuar sob condições extremas.

A Era Heisei e o legado de Satsuma como Godzilla

Em 1984, Kenpachiro Satsuma foi chamado para interpretar o próprio Godzilla em The Return of Godzilla. O convite veio em um momento crucial para a franquia, que buscava se reinventar após um período de baixa popularidade. Satsuma trouxe uma nova abordagem ao personagem, destacando-se por conferir uma presença mais sombria e animalística ao monstro.

Durante os onze anos seguintes, Satsuma vestiu o traje de Godzilla em produções que se tornaram clássicos do cinema japonês, incluindo Godzilla vs. Biollante (1989), Godzilla vs. King Ghidorah (1991) e Godzilla vs. Destoroyah (1995, quando o rei dos monstros quase morreu). Sua interpretação evoluiu ao longo do tempo, com movimentos característicos que ajudaram a consolidar a imagem do monstro como uma força da natureza.

Desafios enfrentados durante as filmagens

Vestir o traje de Godzilla não era uma tarefa simples. O figurino era feito de borracha pesada e quase sem ventilação, tornando cada cena uma verdadeira prova de resistência. Satsuma enfrentava temperaturas elevadas, dificuldades respiratórias e problemas de visibilidade, chegando a desmaiar diversas vezes durante as gravações.

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Nos bastidores, ele relatava que a pior parte de seu trabalho não era o peso do traje, mas sim o medo de ficar preso dentro dele. Mesmo assim, Kenpachiro Satsuma encarava cada desafio com profissionalismo, acreditando que sua missão era dar vida ao monstro e encantar os fãs.

Em Godzilla vs. Destoroyah, o traje chegou a pesar mais de 120 quilos devido aos efeitos especiais adicionais. Para representar o processo de derretimento nuclear de Godzilla, a equipe utilizou gás carbônico, o que aumentou ainda mais os riscos durante as filmagens. Satsuma revelou que precisou usar um cilindro de oxigênio para evitar desmaios, mas mesmo assim sofreu com problemas respiratórios recorrentes.

A filosofia de interpretação de Kenpachiro Satsuma

Kenpachiro Satsuma via Godzilla como um personagem que transcendia a ideia de um simples monstro destruidor de cidades. Ele acreditava que o personagem representava uma força imparável e digna, quase como um samurai. Por isso, ele se dedicava a criar uma personalidade própria para o monstro, com movimentos que transmitissem essa imponência.

Em entrevistas, Satsuma afirmou que sua interpretação era baseada em três pilares: resistência física, controle emocional e atuação corporal. Ele também enfatizava a importância de ensaiar exaustivamente cada cena para garantir que todos os movimentos fossem precisos, já que as limitações do traje tornavam qualquer erro de coreografia muito perigoso.

Outras produções e obras literárias

Além de sua atuação em filmes de Godzilla, Kenpachiro Satsuma participou de outras produções importantes, como Pulgasari, um filme de monstros produzido na Coreia do Norte em 1985. Essa experiência inusitada resultou em um dos livros escritos por ele, intitulado Godzilla’s View of North Korea, onde relatou os bastidores da produção e suas impressões sobre o país.

Ao longo de sua vida, Satsuma escreveu vários livros detalhando sua experiência como suit actor, oferecendo uma perspectiva única sobre o mundo do cinema de monstros gigantes. Obras como “Inside Godzilla e I’m an Actor. I’ve Been Called a Chakugurumi Actor for 30 Years” são valiosas fontes de informação para fãs e estudiosos do gênero.

O impacto de Kenpachiro Satsuma no cinema japonês

A contribuição de Kenpachiro Satsuma ao cinema japonês vai além de suas atuações como Godzilla. Ele ajudou a elevar o status dos suit actors, mostrando que essa forma de atuação requer habilidades específicas e grande dedicação. Graças a ele, o público passou a valorizar mais os profissionais que atuam por trás das fantasias e efeitos especiais.

Sua influência também pode ser vista em produções posteriores, onde muitos suit actors mencionam Satsuma como uma inspiração. Ele deixou um legado de profissionalismo e paixão pelo ofício, que continua a inspirar novas gerações de atores no Japão.

Mesmo após seu falecimento em dezembro de 2023, o nome de Kenpachiro Satsuma continuará vivo nas memórias dos fãs e nas telas de cinema, onde o icônico monstro que ele ajudou a moldar ainda reina supremo. Assim como o gigante Ultraman, criado por Eiji Tsuburaya, que falamos a respeito neste conteúdo.

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