Jaspion Changeman

Vida de Tokusatsu: Tia Simone, Jaspion, Changeman e meu primeiro palavrão

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Quem me conhece sabe que gosto muito de tokusatsu, aqueles filmes japoneses com heróis, monstros, maquetes, explosões e vilões que prometem conquistar o planeta, mas sempre começando por Tóquio!

Sou da geração que conheceu esse peculiar tipo de produção com Jaspion e Changeman lá nos estranhos (mas, divertidos) anos 80. Na época toda criançada gostava desse tipo de produção e, diferente dos meus colegas, o gosto não acabou mesmo na (execrável) adolescência e na (nômade) vida adulta.

E existe uma boa razão para isso. Sem perceber, esse heróis nipônicos acabaram se tornando grandes amigos ao longo da vida e me ajudaram muito na formação de atributos pessoais e profissionais, tais como nos exemplos abaixo (com links para você conferir após ler este artigo inteiro).

  • Lutar por um objetivo: como Jaspion e os Policiais do Espaço que receberam a missão de proteger o universo.
  • Zelar pela família e pela vida: Jiraiya, Flashman e Metalder me ensinaram isso.
  • Seguir em frente mesmo quando tudo parecer difícil: tal como ocorreu com Kamen Rider Black.
  • Acreditar nas pessoas, mesmo que algumas sigam o caminho errado: Winspector e Solbrain deixavam isso claro.
  • E até mesmo quebrar as regras se for em prol do bem: assim como os Cybercop fizeram de vez em quando.

E é claro que os pontos acima me ajudaram a lidar com certas situações da vida, como, por exemplo:

  • Os foras que tomava das meninas quando adolescente. Lembrava que Ryouti dos Cybercop tinha o mesmo problema, mas nunca deixava isso abater o seu bom humor.
  • Quando me determinei a ir ao Japão (mesmo sem as qualidades que uma empresa japonesa exige de um estrangeiro). Estava a ponto de desistir, mas me esforcei como nunca após assistir um episódio de Gokaiger em que todos os heróis de todas as gerações se unem para proteger a Terra. “Se meus heróis ainda estão lutando, eu também vou lutar!”
  • Quando meu pai faleceu. A exemplo da Jornada do Herói de Campbell, todo herói tem uma iniciação trágica. Talvez por essa razão seja comum quase todo herói de tokusatsu ter perdido pai, mãe ou os dois. Na força deles busquei força para superar essa perda.

(…)

Comecei este texto com a intenção de dizer que você deve fazer o que quer em vez do que a Tia Simone manda você fazer. E agora vou explicar a razão disso e quem, afinal, é Tia Simone.

Tudo começou no Jardim 2, mais precisamente no dia em que a minha professora, Tia Simone, mandou toda a turma fazer algo naquela longínqua tarde de 1988.

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Lembro dela reunir toda a turma numa roda para discutir um assunto muito importante e sério. Numa época da vida em que se ia a escola mais para brincar do que estudar, falar de coisa séria era um momento tenso. Eis então que ela diz algo mais ou menos assim:

“Crianças, vocês têm brincado muito de super heróis e, por isso, têm se machucado. Isso acontece porque vocês veem Jaspion e Changeman. Por isso, a partir de hoje PAREM de ver Jaspion e Changeman!”

Se eu tivesse dado ouvidos a Tia Simone, talvez não fosse nem 90% da pessoa que todos conhecem e que está aqui escrevendo este texto, tampouco teria vivido e aprendido todos os pontos citados anteriormente que só vivi por ser apresentado a esses heróis.

Por sorte, cheguei em casa, minha mãe ligou a TV e, sim, assisti Jaspion e Changeman (até porque minha mãe via comigo e não perdíamos um episódio).

O que a Tia Simone fez foi muito errado, não se pode de maneira alguma ditar o que uma pessoa quer, muito menos uma criança. Menos ainda sob o pretexto de que a garotada tava se machucando…qual criança nunca se ralou toda enquanto brinca?

E o pior é que vejo adultos que também passam por isso. Deixam de fazer o que querem porque a família manda, o marido ou a esposa manda, os amigos mandam, o chefe manda, e por aí vai. Ou seja, a “Tia Simone” existe em várias formas.

Logo espero que este post possa ajudar essas pessoas a entenderem que não precisam seguir o que outros mandam. Siga seu coração (outra lição que aprendi com os heróis japoneses).

Nunca mais encontrei a Tia Simone original após o Jardim 2. Aliás, aquele momento da “conversa séria” poderia ter sido o último a vê-la, pois teria sido expulso da escola se tivesse dito o que pensei em responder a ela. É claro que esse pensamento não foi outro senão o primeiro palavrão da minha vida:

– VÁ SE FODER, TIA SIMONE!!!

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