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Afinal de contas, por que os olhos de mangá são grandes?

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Certamente, você já se deparou com essa pergunta sendo feita – seja por aqueles que são estranhos ao universo das HQs e animações japonesas ou até mesmo por alguns fãs menos inteirados dos meandros históricos por trás do gênero. Há quem diga que os olhos de mangá são fruto de algum tipo de complexo dos japoneses em relação aos ocidentais, mas tal afirmação é, além de um tanto preconceituosa, totalmente equivocada: há uma série de fatores que levaram os quadrinhos japoneses a adotarem esta e outras características, e é sobre isso que falaremos aqui.

A história do traço do mangá

Na primeira década do século 20, surgiam as primeiras animações japonesas, já sob forte influência norte-americana. Logo em seguida, entre os anos 20-30, personagens femininas de artistas como Yumeji Takehisa, Yohei Watanabe e Katsuji Matsumoto já exibiam grandes e redondos olhos, sinalizando que a mulher japonesa dos tempos modernos seria de personalidade forte e voz ativa na sociedade. 

Entretanto, a mentalidade conservadora da época atribuiu uma conotação de vulgaridade a essas características, e elas não foram apreciadas. Durante a Segunda Guerra Mundial, essas ilustrações chegaram a ser banidas das capas de revista pelo governo, que considerou os cabelos coloridos e os olhos grandes como uma americanização das personagens, e, portanto, uma demonstração de fraqueza e derrotismo.

Apenas após a guerra, viria a surgir o homem que, de fato, transformaria o conceito de quadrinhos no Japão e o consolidaria tal qual conhecemos hoje.

Quem foi Osamu Tezuka?

Impossível não falar sobre a origem do mangá moderno sem mencionar o seu grande pioneiro. Conhecido como “Deus do Mangá”, Osamu Tezuka (1928-1989) era um grande fã das animações ocidentais que, quando criança, assistia à exaustão no projetor de seu pai: Betty Boop, Popeye, Gato Félix, Mickey Mouse e muitos outros. 

Já naquela época, ele criava seus próprios quadrinhos, inspirado por esses personagens de grandes e expressivos olhos verticais. Ele também frequentava o tradicional teatro Takarazuka, interpretado apenas por mulheres com suas maquiagens que realçavam os olhos de forma que, mesmo do fundo da platéia, as expressões podiam ser observadas.

Formado em medicina, começou oficialmente sua carreira como quadrinista profissional em 1946. No começo dos anos 50, Tezuka publicou seus primeiros grandes sucessos: Kimba e Astroboy. O resto, como agora sabemos, é história: foi a partir de então que seu estilo marcante passou a inspirar a infinidade de artistas que o sucederam e a abrir caminho para a popularização do mangá, anime e até mesmo tokusatsu no Japão e no resto do mundo.

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E por que os japoneses desenham os olhos de mangá tão grandes?

Já sabemos que foi Tezuka quem instituiu os olhos grandes como marca do mangá, mas a explicação final vai um pouco além.

No Japão, acredita-se que os olhos sejam “a janela da alma”. Trocando em miúdos, para eles, os olhos de um ser humano não escondem suas verdadeiras intenções. De fato, existem alguns estudos científicos que atestam que, ao tentarmos mascarar nossas emoções, os olhos são mais difíceis de controlar do que a boca, as mãos ou outras partes do nosso corpo. 

Via de regra, quanto maiores os olhos de um personagem, mais ele nos transmite a ideia de inocência, sinceridade ou simpatia, e mais facilmente criamos apego, identificação e empatia com ele. 

Perceba que, normalmente, quanto mais novo ou emotivo é um personagem de mangá, maiores são os seus olhos. Personagens mais velhos, frios, ranzinzas ou cruéis costumam possuir olhos menores. Além do tamanho, outras dinâmicas de desenho podem ser exploradas nos olhos de mangá, como o formato, a cor e a presença ou ausência de certos detalhes (como íris, brilhos, cílios ou sobrancelhas). 

Mesmo nos quadrinhos americanos, esse conceito de expressar as emoções através dos olhos é bastante aplicado, principalmente em personagens mascarados, como o Batman ou o Homem-Aranha. O que Tezuka fez, no fim das contas, foi unir suas influências artísticas a um conceito cultural pré-existente e aplicar em sua obra.

Mas, é sempre assim?

Apesar da tendência a exagerar o tamanho dos olhos de mangá, nem sempre ocorre assim. Há muitas obras que não lançam mão desse recurso, ou o fazem de forma moderada. A partir da virada dos anos 80 para 90, podemos observar uma quantidade crescente de produções em que há algum grau a mais de realismo nos traços, sobretudo aquelas mais voltadas a um público mais velho. 

Bons exemplos incluem títulos como Wicked City, Crying Freeman, Slam Dunk, dentre outros. De qualquer forma, a expressividade nos olhos de mangá, independente do tamanho, é sempre uma característica marcante do estilo.

Então, agora que você sabe o motivo para os olhos de mangá serem grandes, que tal dividir o conhecimento e compartilhar o artigo nas suas redes para que mais pessoas saibam também? Até a próxima!

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