Go Nagai: conheça um dos criadores de mangá, anime e tokusatsu mais polêmicos e inovadores
Kiyoshi Nagai (conhecido mundialmente como Go Nagai) nasceu no dia 6 de setembro de 1945 e começou sua carreira com Meakashi Polikichi em 1967, embora suas obras mais conhecidas em todo mundo tenham sido produzidas nos anos 70, tais como Cutie Honey, Devilman e Mazinger Z, assim como alguns títulos de tokusatsu.
Quando falamos sobre animes de mechas, sua contribuição foi muito significativa, pois partiu dele a ideia de criar o gênero de super robôs controlados por um piloto no cockpit. Seu pioneirismo também inclui Cutie Honey como mangá de guerreiras mágicas, Violence Jack como obra pós-apocalíptica e Harenchi Gakuen no gênero ecchi.
Como foi a vida e carreira de Go Nagai?
Durante a infância, as maiores referências de Nagai foram Osamu Tezuka (e seu mangá “Lost World”) Gustave Doré (que fez as ilustrações de “A Divina Comédia“). Inclusive, a versão em mangá das aventuras de Dante no Inferno leva a assinatura de Go Nagai.
Nos tempos da faculdade, ele teve um problema grave de saúde. Isso o levou a refletir sobre a vida e a morte e, assim, realizar um sonho de infância: ser desenhista de mangá.
Seu irmão Yasutaka ajudou a criar seus primeiros mangás que foram rejeitados por muitas editoras. Rumores dizem que sua mãe possa ter convencido os editores a rejeitarem os trabalhos, pois ela não apoiava sua decisão de se tornar mangaká.
Porém, logo ele foi aceito na Weekly Shonen Sunday após um contato com Shotaro Ishinomori que teve Nagai como seu assistente, assim como Ishinomori também já foi assistente de Tezuka.
Com apenas 1 ano de carreira, aos 23 anos de idade, Nagai foi chamado para desenhar na Shonen Jump que estava a ponto de ser lançada em 1968 para concorrer com a Shonen Magazine e Shonen Sunday.
Harenchi Gakuen foi um dos primeiros mangás a apresentar o erotismo, o que gerou polêmica e críticas na sociedade japonesa, sobretudo por parte do PTA (Associação de Pais e Professores).
Apesar disso, o sucesso do mangá e do anime o fizeram montar a Dynamic Productions que cresceu a ponto de ter artistas como Ken Ishikawa (co-criador de Getter Robo) que participou de obras como Abashiri Ikka e Gakuen Taikutsu Otoko.
A partir da década de 70, Nagai se dedicou a mangás com um estilo mais próximo do terror. Após a publicação de alguns one-shots, ele deu vida a um dos seus trabalhos mais prestigiados: Devilman.
Dentro do gênero de robôs, além de Mazinger Z, ele também assina Great Mazinger, Grendizer e, anos depois, Mazinkaiser. Diversos animes surgiram de mechas surgiram depois de Mazinger Z, todos inspirados na obra inicial de Nagai.
Outros títulos bem conhecidos tiveram como inspiração os trabalhos de Go Nagai: Sailor Moon (de Cutie Honey), Hokuto no Ken e Mad Max (de Violence Jack). O próprio Hideaki Anno disse ter se baseado em Devilman e Mazinger para o desenvolvimento de Evangelion.
Mas, quais foram as séries de tokusatsu assinadas por Go Nagai?
Além de mangás e animes, Nagai leva a autoria de séries tokusatsu. Citamos as principais a seguir.
Aztecaser
Aztecaser é uma série que tem como base a luta livre. Após testemunhar a morte de seu irmão Daiji, Shun desiste de lutar. Contudo, Black Mist, o rival de seu falecido irmão, ressurge um ano depois e desafia os demais lutadores.
Seu treinador e amigo Jo Kanzaki aceita o desafio e parte para o ringue. Quando este está a ponto de ser morto, Shun aparece sob a forma de Aztecaser e enfrenta Black Mist.
Os poderes de Aztecaser vêm da gema mística em sua máscara chamada Estrela de Aztec, que concede a ele grandes poderes.
Battle Hawk
Em Battle Hawk, o Sindicato Global do Terrorismo “Kyoki No Tou” (Mandamentos do Demônio) começa a traçar seus planos para o terror global. Logo de início, assassinam o mestre de artes marciais Tate Tetsushu que se opôs a eles no passado. Antes de sua morte, ele informa seus netos Shogo, Daijiro e Yurika dos seus poderes secretos.
Usando os Tomahawks dourados que Tate deu anos antes, os três irmãos invocam o espírito indiano “God Hawk” e se tornam os heróis da lenda, “Battle Hawk”, “Big Hawk” e “Queen Hawk”. Usando seus novos poderes e armas, eles travam guerra contra os terríveis membros de “Kyoki No Tou”.
X-Bomber
A história de X-Bomber se passa em 2999, quando a Terra está em paz após as guerras espaciais. A segurança da raça humana é garantida pela Earth Defense Force (EDF). Pouco antes da virada do quarto milênio, a paz é quebrada pelo aparecimento de um cruzador de batalha alienígena gigante.
A base de Plutão da EDF é completamente destruída e o malvado Comandante Makara revela que o mesmo destino aguarda a Terra, a menos que o misterioso F-Zero-One seja entregue a ela.
Sem saber da natureza do F-Zero-One e temendo retribuição, a EDF põe em ação uma arma incompleta e não testada chamada X-Project de sua base lunar. O X-Project é revelado como uma nave espacial poderosamente armada chamada X-Bomber.
Devilman
Devilman ganhou uma versão de tokusatsu produzida em 2004 e dirigido por Hiroyuki Nasu. Contudo, o filme liderou uma pesquisa anual da revista Eiga HIHO como o pior filme dos anos 2000.
Na história, um demônio conhecido como Amon – o Senhor da Guerra, também chamado como a Besta do Inferno – tenta possuir o jovem Akira. No entanto, ele mantém o controle da posse, sendo capaz de se transformar em Devilman e controlar os poderes de Amon bem como seu coração e a alma.
Uma vez transformado em Devilman, Akira herda alguns dos traços demoníacos de Amon, juntamente com sua bravura para combater outros demônios.
Cutie Honey
Cutie Honey: The Live é uma adaptação do mangá e anime Cutie Honey, que teve direção de Makoto Yokoyama, enquanto o roteiro ficou a cargo de Toshiki Inoue.
Na trama, Honey Kisaragu é uma estudante que levava uma vida normal até o dia em que seu pai é assassinado pela organização Panther Claw.
Nesse momento, ao ver um recado deixaro por seu pai, Honey descobre ser uma andróide que ele criou. A partir de então, ao dizer “Honey Flash!”, ela se transforma em guerreira e passa a combater a Panther Claw.
Kekko Kamen
Kekko Kamen também é outra adaptação de um mangá criado por Go Nagai que teve um profundo envolvimento nessa produção.
As histórias giram em torno de Mayumi Takahashi, uma estudante de um internato cujos professores são sádicos e psicopatas e sempre buscam satisfação ao torturar ou humilhar os alunos.
Para defendê-los, uma misteriosa e seminua heroína chamada que combate os professores e detém seus maus-tratos.
Para alguns, Kekko Kamen é uma crítica de Go Nagai ao PTA que, como dissemos alguns parágrafos acima, não aprovava a polêmica e sexualização dos seus quadrinhos.
Aliás, esse tipo de censura não ocorre somente no Japão, mas também no Brasil. Confira neste artigo o que uma professora do primário disse aos meninos de sua turma que viam Jaspion e Changeman nos anos 80.
