Atores de Ultraman, Kamen Rider e Super Sentai contam suas histórias
Quando cinco atores de tokusatsu que marcaram suas respectivas gerações em Ultraman, Kamen Rider e Super Sentai se reúnem, o papo vai muito além de poses de transformação e explosões em segundo plano.
Conforme apontou o Yahoo Japan, o encontro recente entre Jouji Shibue (de Kamen Rider Hibiki), Hiroki Matsumoto (de Ultraman Decker), Yuuki Beppu (de Donbrothers), Yasunari Fujibayashi (de Kamen Rider Gotchard) e Ryo Sekoguchi (de Zenkaiger) revelou memórias de bastidores, comparações entre épocas e uma reflexão sobre o que é, de fato, vestir o traje de herói.
Atuar em tokusatsu: aprendizado na marra
Shibue, o mais veterano do grupo, relembrou o início da carreira com certa honestidade cômica: “Passei um ano só dizendo ‘sim’ e ‘desculpa’ no set”. Nos anos 2000, a seleção em audições era muito baseada em potencial bruto. Já os atores mais jovens demonstram familiaridade com as câmeras logo de cara — algo que os próprios veteranos atribuem à convivência com redes sociais e plataformas como o TikTok.
Matsumoto, por exemplo, destacou o quanto os colegas de Ultraman Decker se mostravam entrosados desde os ensaios iniciais. Para ele, esse ambiente colaborativo impactou diretamente na naturalidade das cenas, mesmo com os desafios de gravar em plena pandemia.
Diretores em comum, memórias distintas
Um detalhe curioso que surgiu na conversa foi a presença constante do diretor Ryuta Tasaki nas três franquias. Responsável por episódios de Donbrothers, Gotchard e Zenkaiger, ele também dirigiu a estreia de Shibue na TV, em Sailor Moon. Apesar da fama de rígido, foi lembrado com carinho e respeito pelos cinco atores. Fujibayashi brincou: “Somos todos Tasaki Kids”.
Outro nome que apareceu foi Koichi Sakamoto, conhecido por seu trabalho nas três franquias e por seu domínio das cenas de ação. Matsumoto afirmou que trabalhar com Sakamoto era como ter aula com um professor de precisão.
Diferenças no ritmo de gravação
Embora todas as franquias exijam comprometimento, os bastidores funcionam de maneira diferente. Ultraman, por exemplo, alterna períodos de gravação de atuação com os de efeitos especiais, enquanto Kamen Rider e Super Sentai seguem cronogramas mais contínuos ao longo do ano. Essa estrutura, segundo Matsumoto, exige um preparo emocional extra para manter a coerência da atuação ao longo das semanas.
Já Beppu compartilhou que, em Donbrothers, a ausência de transformações coreografadas tradicionais — substituídas por teleportes repentinos — dava uma liberdade criativa única, mas exigia mais foco em cena.
Herói ou vilão: o impacto vai além da tela
Sekoguchi interpretou o vilão Stacy em Zenkaiger, e contou que, no início das gravações, a distância entre ele e os demais atores era quase literal — por exigência da narrativa. À medida que seu personagem se aproximava dos heróis, os laços reais também se estreitaram. Fujibayashi complementou que essa distância inicial dificulta a comunicação no set, especialmente entre cenas. “Você começa a trocar ideia mesmo quando o roteiro permite.”
Além disso, todos os atores mencionaram como o contato com fãs, especialmente crianças, transforma a experiência. Seja nos herói shows, seja nas mensagens online, perceber que alguém se inspira em seu personagem reforça a responsabilidade por trás do papel.
Lições que ficam
Entre as falas mais marcantes do encontro, Shibue compartilhou que até hoje evita atitudes públicas que possam influenciar negativamente crianças. “A gente nunca sabe quem está observando”, disse. Para ele, a maior herança de ter vivido um Rider foi ter aprendido a se comportar com mais consciência no dia a dia — e também desenvolver resistência a viagens longas, graças aos infinitos deslocamentos de gravação.
Para os mais novos, como Fujibayashi, atuar por um ano inteiro no mesmo papel foi uma escola de consistência emocional. “Você é obrigado a revisitar o personagem o tempo todo. E, aos poucos, ele acaba morando dentro de você.”
O legado continua
No encerramento, todos os cinco atores demonstraram um sentimento comum: gratidão por terem vivido personagens tão marcantes. Shibue observou que, no futuro, os colegas mais novos também terão fãs dizendo: “Eu te assistia quando era criança”. E, nesse momento, o ciclo se completa — como deve ser na história de qualquer herói.
Por sinal, o Brasil também foi palco do encontro de muitos artistas de tokusatsu. Clique aqui para saber os detalhes!