Yoshiko Tanaka

Yoshiko Tanaka: a atriz que enfrentou Godzilla e o câncer de mama

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A atriz Yoshiko Tanaka começou sua trajetória artística nos anos 1970 como integrante do grupo Candies e se destacou tanto na música quanto no cinema e na televisão japonesa.

O público do tokusatsu conheceu seu trabalho ainda cedo, em “Totsugeki! Hyūman!!”, onde viveu a repórter Rumiko Hoshiyama. Mais tarde, voltaria ao tokusatsu em “Godzilla vs Biollante” e “Godzilla vs Mothra”, dois momentos muito simbólicos de sua carreira. Sua atuação no drama “Black Rain”, de 1989, lhe rendeu os principais prêmios de atriz do cinema japonês.

Início de carreira e o fenômeno Candies

Nascida em 1956 no bairro de Adachi, em Tóquio, Yoshiko era a segunda filha de um casal que administrava uma loja de artigos de pesca. Apesar da aparência doce, era conhecida como uma garota levada.

Sua aproximação com a música começou ainda criança, participando de grupos de min’yō (canções folclóricas). Em 1969, ingressou no Tokyo Music Academy, mantido pela Watanabe Productions, e foi selecionada para o grupo de dança “School Mates”, onde teve contato com futuras colegas de grupo e atrizes consagradas.

Candies – o trio que encantou o Japão

Em 1973, ao lado de Ran Ito e Miki Fujimura, estreou como cantora no grupo Candies com a canção “Anata ni Muchū”. Com o apelido carinhoso de “Sue”, Yoshiko ficou inicialmente responsável pelos vocais principais nas primeiras faixas.

Mesmo com mudanças na formação vocal, o grupo se manteve popular, ganhando o carinho do público. No auge do sucesso, Candies surpreendeu ao anunciar sua separação em 1977 e realizar o último show em 1978, encerrando uma fase marcante da música japonesa.

A estreia como atriz em tokusatsu e o retorno ao entretenimento

Pouco antes de explodir como idol, Yoshiko participou da série “Totsugeki! Hyūman!!” em 1972. Ela interpretava uma jovem jornalista que cobria os feitos do herói Hyūman. Embora o papel não tenha tido grande repercussão na época, serviu como porta de entrada para o universo das séries tokusatsu e revelou seu interesse em atuação.

Pausa e retorno com apoio de amigos

Após o fim do Candies, Yoshiko se afastou da mídia. Mas em 1980, incentivada por seu irmão mais novo, que lutava contra um câncer, e por mensagens inspiradoras do comediante Kinichi Hagimoto, decidiu voltar. Reapareceu no programa “Kinchan no dokomade yaru no!?” e, a partir daí, consolidou sua carreira como atriz. Em 1984, lançou um álbum solo e passou a ser escalada para novelas e filmes.

Reconhecimento no cinema e na televisão

O ponto alto da carreira de Yoshiko Tanaka no cinema veio com “Black Rain”, filme de Shōhei Imamura lançado em 1989. A produção retratava os impactos da bomba atômica em Hiroshima. Sua personagem, Yasuko, enfrentava os efeitos da radiação com dignidade, e a interpretação comovente lhe rendeu prêmios como o da Academia Japonesa, Blue Ribbon e Kinema Junpo. O filme foi exibido em Cannes, abrindo espaço para reconhecimento internacional.

Dramas de peso e atuações tocantes

Yoshiko passou a ser chamada para papéis complexos e emocionais. Interpretou mães dedicadas, mulheres fortes e figuras marcantes em diversas obras, sobre as quais falaremos mais adiante. Sua atuação em “Akino Eki”, da TV Fuji, lhe garantiu o Prêmio de Melhor Atriz do Prêmio Cultural de Radiodifusão.

Em muitas dessas produções, contracenou com jovens atores e atrizes, e se destacou pela empatia e apoio que oferecia no set. Durante as gravações de “Kami-sama, mō sukoshi dake”, por exemplo, suavizou sua atuação nos ensaios para não intimidar a iniciante Kyoko Fukada, garantindo que ela pudesse brilhar no momento certo.

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Relações familiares, perdas e trabalhos sociais

Em 1991, casou-se com Kazuo Odate, irmão da atriz Masako Natsume. Embora não tivesse filhos biológicos, foi madrasta presente da também atriz Mayuko Tate, a quem tratava como filha. O casal manteve uma relação reservada, sem exposição pública.

Envolvimento em causas sociais

Yoshiko participou ativamente de campanhas de saúde pública, como as iniciativas contra a AIDS e os trabalhos da fundação criada em nome da falecida cunhada, Masako Natsume. Também ocupou cargos como conselheira no Ministério da Saúde e em hospitais públicos, o que reforçava sua imagem de mulher preocupada com o bem-estar coletivo.

Tokusatsu, Godzilla e uma paixão antiga

Mesmo já reconhecida como atriz dramática, Yoshiko mantinha carinho pelo universo tokusatsu. Apaixonada pelos filmes de kaiju e fã do duo musical The Peanuts (que interpretava as fadas gêmeas nos filmes do Mothra), ela realizou um sonho pessoal ao participar de “Godzilla vs Biollante” (1989), como Asuka Okouchi, e de “Godzilla vs Mothra” (1992), como Mayumi Fukasawa.

Ambas as participações foram curtas, mas marcadas por sua própria solicitação à produção para integrar o elenco. Sua aparição em “Godzilla vs Mothra” foi um presente que ela mesma quis se dar.

Humor, bastidores e carinho no set

Nos bastidores, era conhecida por animar os colegas. Durante filmagens, costumava cantar músicas do Candies, como “Toshishita no Otokonoko”, com direito a coreografia. Isso aproximava colegas e criava um ambiente descontraído mesmo nos sets mais sérios.

Os anos finais e a despedida

Em 1992, foi diagnosticada com câncer de mama. Decidiu manter o diagnóstico em sigilo, confidenciando apenas a familiares e amigas próximas, como Ran Ito e Miki Fujimura. Nos anos seguintes, seguiu atuando, enfrentando tratamentos e recidivas com discrição. Em 2010, a doença se agravou após uma crise de úlcera duodenal que comprometeu seu sistema imunológico.

Em março de 2011, ao ser informada da gravidade de sua condição, pediu que um áudio fosse gravado com sua voz. A mensagem foi reproduzida em seu funeral e emocionou o país. Faleceu em 21 de abril de 2011, apenas 13 dias após seu aniversário de 55 anos, rodeada por amigos íntimos, como as ex-colegas de grupo, que permaneceram ao seu lado até os últimos momentos.

Cerimônia marcada por simbolismo

O velório foi realizado em azul, cor que representava Yoshiko durante a fase Candies. Sua despedida teve flores, músicas e fitas dessa cor, jogadas pelos fãs ao carro funerário ao som de “Anata ni Muchū”. No último adeus, sua voz gravada disse:

“Eu fui muito feliz. Obrigada a todos.”

Por que Yoshiko Tanaka continua sendo lembrada?

Conforme pôde ver ao longo deste artigo, Yoshiko Tanaka deixou sua marca com atuações que sensibilizaram o público japonês e estreitaram laços entre a música pop e o cinema dramático.

Sua presença é lembrada não apenas pelos seus papeis, mas pelo significado pessoal de cada participação. Yoshiko Tanaka permanece como uma das figuras mais queridas do entretenimento japonês, atravessando as gerações com afeto.

Continue conosco e conheça também a história de vida e carreira de Miki Saegusa, que participou com Yoshiko Tanaka em “Godzilla Vs Biollante”.

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