Ebirah

Ebirah: o kaiju marinho que encarou Godzilla no coração do oceano

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Lançado em 1966, Ebirah, Horror of the Deep (ou Godzilla, Ebirah, Mothra: O Grande Duelo no Mar do Sul, no título original japonês) trouxe um novo tipo de ameaça para o universo de Godzilla.

Diferente das batalhas tradicionais contra inimigos alienígenas ou criaturas mutantes que devastavam cidades, este filme levou a ação para uma ilha tropical, apresentando um antagonista inusitado: Ebirah, um monstro crustáceo colossal. Produzido pela Toho e dirigido por Jun Fukuda, o longa se destaca por sua abordagem mais aventureira e um tom diferenciado dentro da franquia.

O filme foi uma tentativa da Toho de diversificar as histórias de Godzilla, afastando-se um pouco da destruição urbana e das ameaças espaciais, e apostando em uma trama que misturava espionagem, aventura e monstros gigantes.

A produção também se destacou por trazer uma mudança na direção. Jun Fukuda assumiu o comando no lugar de Ishirō Honda, que havia dirigido a maioria dos filmes anteriores da franquia. A mudança trouxe um tom mais leve e descontraído, algo que se tornaria característico dos filmes de Godzilla lançados na segunda metade dos anos 1960.

Esse estilo mais aventureiro e voltado para o entretenimento familiar marcou a transição da franquia para um público mais jovem, abandonando parcialmente o tom sombrio dos primeiros filmes.

O enredo e o contexto da produção

A história gira em torno de Ryota, um jovem determinado a encontrar seu irmão desaparecido no mar. Sem conseguir ajuda oficial, ele decide roubar um barco junto com dois amigos e um misterioso homem chamado Yoshimura, que aparentemente é apenas um vagabundo, mas que mais tarde se revela um ladrão de bancos. Durante a viagem, o grupo é surpreendido por uma tempestade e acaba naufragando na ilha de Letchi, um local dominado pela organização militar conhecida como Red Bamboo.

O Red Bamboo utiliza trabalhadores escravizados da Ilha Infant para produzir um líquido especial que mantém Ebirah afastado. O monstro marinho, que serve como guardião involuntário da costa, ataca qualquer embarcação que se aproxime sem o tal composto protetor.

Durante sua tentativa de fuga, os protagonistas encontram Godzilla adormecido em uma caverna e, sem outra opção, decidem despertá-lo para destruir a base do Red Bamboo e derrotar Ebirah. Essa decisão leva a uma série de batalhas épicas, tanto na terra quanto no mar, culminando na destruição da base inimiga e na fuga dos reféns com a ajuda de Mothra.

Curiosamente, o filme foi originalmente concebido como uma produção estrelada por King Kong. A Toho pretendia continuar explorando o sucesso de King Kong vs. Godzilla (1962), mas, por motivos contratuais, acabou substituindo Kong por Godzilla no roteiro. Essa troca explica algumas características incomuns do Rei dos Monstros no filme, como seu comportamento mais brincalhão e sua relação com a eletricidade, elementos tradicionalmente associados a King Kong.

Ebirah: um vilão aquático único

Ebirah é um dos primeiros inimigos de Godzilla especializados em combate subaquático. Inspirado em lagostas e caranguejos, ele possui grandes pinças e força considerável dentro d’água, tornando-se uma ameaça real para qualquer um que tente cruzar as águas próximas à ilha de Letchi.

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Sua primeira luta contra Godzilla ocorre no oceano, onde o monstro crustáceo tenta usar suas garras para afogar seu oponente, mas acaba sendo repelido. O confronto se repete no clímax do filme, quando Godzilla finalmente o derrota de forma definitiva.

O design de Ebirah foi baseado em crustáceos reais, mas exagerado para dar um tom ameaçador à criatura. No entanto, devido às limitações técnicas da época, seu visual e movimentação não eram tão impressionantes quanto outros kaijus icônicos. Mesmo assim, o monstro se tornou um antagonista memorável, retornando em algumas aparições esporádicas na franquia ao longo dos anos.

Além disso, a própria concepção do monstro reflete uma mudança na abordagem da Toho com relação às ameaças enfrentadas por Godzilla. Se antes os filmes exploravam invasões alienígenas ou monstros mutantes de origem radioativa, Ebirah trazia uma ameaça mais “terrestre” e natural, algo que se encaixava bem na proposta do filme de ser mais uma aventura tropical do que um épico de ficção científica.

Ebirah Vs Godzilla

O papel de Mothra e o desfecho do filme (alerta de spoiler)

Apesar de estar no título do filme, Mothra tem um papel secundário na trama. Ela aparece apenas no terceiro ato, quando seus seguidores conseguem despertá-la para resgatar os habitantes da Ilha Infant. Sua aparição é breve, mas essencial para a resolução do conflito, pois enquanto Godzilla enfrenta Ebirah, Mothra se encarrega de salvar os reféns e transportá-los para um local seguro.

O duelo final entre Godzilla e Ebirah ocorre enquanto Mothra salva os reféns. O embate é uma das lutas mais distintas da franquia, pois ocorre tanto dentro quanto fora da água, algo pouco comum nos filmes da era Showa. Após a luta, a ilha começa a explodir devido a um mecanismo de autodestruição acionado pelo Red Bamboo. Godzilla hesita em fugir, mas após um último chamado dos protagonistas, ele mergulha no oceano antes da destruição completa do local.

A cena final reforça a imagem de Godzilla como uma criatura independente, que não necessariamente busca destruir tudo ao seu redor, mas também não se comporta como um herói tradicional. Essa ambiguidade moral seria uma das marcas registradas do personagem nos anos seguintes.

Recepção e legado de Ebirah

O filme foi bem recebido no Japão e teve um bom desempenho de bilheteria, atraindo 3,45 milhões de espectadores em sua estreia. No entanto, no Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, Ebirah, Horror of the Deep foi lançado inicialmente apenas na televisão, sem um grande destaque nos cinemas.

Apesar disso, ele se consolidou como um dos filmes mais distintos da franquia, ajudando a estabelecer o tom mais leve e aventuresco que caracterizaria os filmes de Godzilla na segunda metade dos anos 1960.

Ebirah voltou a aparecer em produções como Godzilla: Final Wars (2004), onde teve uma participação mais dinâmica e moderna. Seu legado persiste como um dos poucos kaijus marinhos relevantes do universo Godzilla, contribuindo para a diversidade de inimigos enfrentados pelo Rei dos Monstros.

Ebirah pode não ser um dos inimigos mais poderosos ou icônicos de Godzilla, mas seu impacto dentro da franquia é inegável. E, conforme mostramos aqui, o filme Ebirah, Horror of the Deep marcou uma mudança de tom na série e mostrou que Godzilla poderia ser um herói mesmo sem destruir cidades.

Aliás, quer ver outra produção em que ele também foi o paladino da justiça? Então, continue conosco e confira este conteúdo que produzimos sobre Godzilla Vs Megalon!

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