
Um tokusatsu milionário, porém esquecido? Conheça Mikazuki!
Lançado em 2000, Mikazuki é uma das produções de tokusatsu mais ambiciosas já feitas para a televisão japonesa. Com apenas seis episódios, a série se destacou por seu alto custo de produção, efeitos especiais inovadores e uma narrativa que mescla ficção científica, mitologia e ação. Dirigida por Keita Amemiya, um nome de peso no universo do tokusatsu, Mikazuki foi um experimento audiovisual que dividiu opiniões e deixou sua marca na história do gênero.
Embora tenha sido uma produção limitada em número de episódios, seu impacto na indústria foi significativo. O orçamento investido, a tecnologia utilizada e a complexidade da narrativa elevaram Mikazuki a um patamar raramente visto na TV japonesa.
No entanto, sua recepção foi mista, com parte do público encantado pela ousadia do projeto, enquanto outros acharam a estrutura espaçada dos episódios um obstáculo para o engajamento contínuo, a ponto de o considerarem um “tokusatsu esquecido”. Continue a leitura para entender o porquê!
A produção milionária de Mikazuki
Ao contrário da maioria das séries de tokusatsu da época, que seguiam um cronograma semanal, Mikazuki teve uma abordagem diferente: cada episódio era transmitido mensalmente. Esse formato permitiu que a equipe de produção trabalhasse com um orçamento muito superior ao convencional, totalizando aproximadamente 1 bilhão de ienes (cerca de 9 milhões de dólares na época). Essa verba possibilitou o uso extensivo de CGI, cenários elaborados e figurinos detalhados.
O primeiro episódio, intitulado Joya (序夜), foi inicialmente concebido como um filme e levou um ano para ser produzido, envolvendo mais de 500 profissionais. Isso se refletiu na qualidade cinematográfica da série, algo raro para produções televisivas. O nível de detalhe empregado nas cenas, os efeitos práticos combinados com CGI e o design dos personagens e monstros mostraram um esforço para elevar o padrão do tokusatsu televisivo.
Além disso, a versão em DVD foi lançada com som em 5.1 canais, o que fez o diretor Keita Amemiya classificar a obra como um “tokusatsu sonoro” (Oto no Tokusatsu), destacando a importância da trilha sonora e dos efeitos auditivos na imersão do espectador. O formato da tela também recebeu um tratamento especial: enquanto a exibição televisiva foi feita em padrão tradicional, as filmagens foram realizadas considerando um aspecto de tela mais amplo, visando a experiência cinematográfica do DVD.
A trama e seus elementos místicos
A narrativa de Mikazuki mistura elementos de ficção científica e mitologia. A história se passa em um mundo onde os Idom (Idea-Monsters), criaturas originadas de pensamentos e emoções humanas, representam uma ameaça constante. Esses seres são manifestações de traumas e memórias intensas, materializando-se de formas bizarras e poderosas. O protagonista, Kazeo Isurugi, é um garoto de 10 anos que, ao descobrir seu poder de manipular palavras (kotodama), torna-se capaz de controlar o gigantesco Mikazuki Zero, um colosso negro com habilidades de regeneração e força destrutiva incomparável.
A história também apresenta a organização AIT (Annihilate Idea-monster Tacklers), que combate os Idom. Entre os membros da AIT, destacam-se Akane Hino, uma estudante do ensino médio que também é a presidente da empresa Akebono Heavy Industries, responsável pela criação dos robôs Gekkoki. Yuki Ninomiya, que pilota o robô Shingetsu, também faz parte do grupo, sendo uma peça fundamental para o desenvolvimento da trama.
Há ainda diversas facções envolvidas na trama, como a Z-ONE, um grupo de pesquisadores que estudava o misterioso “Uterus”, uma entidade responsável por concretizar pensamentos, e o Reino de Gaira, uma civilização ancestral responsável pela criação de seres como Mikazuki e Shingetsu.
O conflito central gira em torno do rei do Reino de Gaira, Torupa, que busca recuperar o controle do Uterus para recriar seu império. Isso leva a uma série de batalhas onde os personagens precisam lidar não apenas com inimigos físicos, mas também com os desafios emocionais que dão origem aos Idom.
Os robôs gigantes e suas transformações
Mikazuki possui alguns dos designs de mechas mais peculiares já vistos em um tokusatsu. O protagonista opera o Mikazuki Zero, um colosso negro de 60 metros de altura e 35 mil toneladas. Embora pareça um robô tradicional, Mikazuki Zero não possui mecanismos internos, sendo composto por um material chamado Somnium, capaz de neutralizar os Idom.
Ao longo da série, o robô evolui para uma forma mais ágil e equipada: Mikazuki Gai, que apresenta um design prateado e a capacidade de voo. A transformação acontece em um momento de grande desespero, quando Kazeo clama por ajuda, ativando uma nova forma do Mikazuki.
Além disso, a série introduz Shingetsu, um segundo colosso que inicialmente coopera com a AIT, mas depois se torna uma ameaça ao tentar cumprir seu “verdadeiro propósito”. No clímax da série, Shingetsu se funde a Mikazuki, dando origem a Tai-Gyoku-Ten, uma entidade devastadora capaz de resetar a existência como conhecemos.
Os Gekkoki, robôs menores projetados pela Akebono Heavy Industries, também participam de combates, muitas vezes servindo como linha de defesa antes da chegada de Mikazuki. Esses robôs, que remetem aos antigos brinquedos de lata, trazem um contraste curioso em relação ao tom épico e sombrio da série.
O impacto e o legado de Mikazuki
Apesar de seu alto investimento e da qualidade técnica acima da média, Mikazuki não obteve grande sucesso comercial. O espaçamento entre os episódios e a narrativa densa dificultaram a conquista de um público fiel.
Apesar disso, com uma direção artística arrojada e uma abordagem inovadora, Mikazuki mostrou que o tokusatsu pode transcender as limitações das produções de TV convencionais. Seu impacto pode ser percebido em obras posteriores que buscaram um tratamento visual mais elaborado e tramas mais complexas. O uso extensivo de CGI e a experimentação narrativa também abriram portas para produções futuras que ousaram fugir dos formatos tradicionais.
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