
A verdade sobre Cybercop: Minoru Nonaka, designer da série, conta tudo!
Cybercop pode não ter sido um fenômeno no Japão, mas no Brasil se tornou um clássico cult entre os fãs de tokusatsu. Entre as muitas curiosidades sobre a série, algumas permaneceram ocultas por décadas – até agora. O designer de Cybercop, Minoru Nonaka, que participou do desenvolvimento visual dos heróis, compartilhou recentemente detalhes inéditos sobre a criação dos personagens e os bastidores da produção por meio de uma entrevista feita por Rafael Ribeiro.
A concepção de Cybercop e as dificuldades na produção
O designer revelou que a série passou por diversas mudanças antes de se tornar o que conhecemos hoje. A Toho, estúdio responsável por Cybercop, demorou anos para definir o conceito central da obra. Diferente dos tradicionais Sentais da Toei, Cybercop foi concebido para ter uma identidade própria, evitando a padronização de cores e uniformes que pudessem remeter aos Super Sentai.
Isso porque a ideia inicial era criar algo que fugisse do estilo estabelecido pela concorrente, ainda que o grupo fosse composto por vários heróis, conforme foi visto no vídeo do TokuDoc que disponibilizou a entrevista.
No entanto, a indecisão da Toho sobre o conceito da série gerou um processo de desenvolvimento longo e complicado. Nonaka revelou que a produção passou por diversas mudanças e, em alguns momentos, parecia não haver uma direção clara sobre o que a Toho realmente queria criar.
Inicialmente, os personagens foram concebidos com inspiração em figuras históricas do Japão, como senhores feudais e guerreiros lendários. Essa concepção se manteve em alguns elementos, como os nomes dos personagens e detalhes de suas armaduras, mas a história acabou tomando outro rumo.
A estética das armaduras e a influência ocidental
Outro aspecto interessante abordado por Nonaka foi a estética dos personagens. Segundo ele, o design das armaduras teve forte influência em conceitos ocidentais de ficção científica, como Robocop, mas sem perder o toque japonês.
O desafio era criar trajes que fossem funcionais e ao mesmo tempo impactantes visualmente, algo que se tornou um problema na fase final da produção. Algumas de suas propostas foram ajustadas ou descartadas pela Toho ao longo do processo, gerando um visual que, para ele, ficou distante da proposta original.
Um dos maiores desafios foi evitar a estética dos Super Sentais, que tinham trajes coloridos e um formato de equipe mais homogêneo. Em Cybercop, a ideia era que cada personagem tivesse sua identidade própria, como um grupo de heróis independentes que trabalhavam juntos, semelhante ao conceito que anos depois seria popularizado por franquias como Os Vingadores.
Scramble Guardian: o Cybercop que nunca aconteceu
Antes de Cybercop ganhar sua versão final, Minoru Nonaka apresentou um conceito inicial à editora Kodansha no final de 1987. Esse projeto, chamado Scramble Guardian, trazia um herói fortemente inspirado em insetos, com uma fusão mecânica entre diferentes espécies. A proposta de Nonaka era criar um visual mais estilizado e inovador, diferente dos padrões da época.
Um detalhe curioso desse conceito era a maneira como o protagonista utilizaria sua moto. Em vez de pilotá-la de forma convencional, ele se deitaria sobre ela, fundindo-se ao veículo em alta velocidade. Essa ideia futurista e ousada se refletia também no design da armadura, que possuía elementos mais orgânicos e dinâmicos do que os trajes definitivos de Cybercop.

A arte desse projeto, datada de 28 de julho de 1987, nunca chegou a ser utilizada na TV. Embora o visual do herói tenha sido reformulado para se encaixar no conceito final de Cybercop, é interessante imaginar como teria sido a série se essa abordagem original tivesse sido mantida. Seria um tokusatsu ainda mais inovador? Infelizmente, essa versão permanece apenas no papel e nos esboços de Nonaka.
O mistério sobre os direitos da série
Outro detalhe curioso revelado foi a forma como a Toho lidava com os direitos da série. A incerteza sobre quem realmente detém os direitos sobre Cybercop persiste até hoje. Enquanto a Toho controla os episódios e imagens, talvez certos aspectos da propriedade intelectual, como o conceito original e a identidade visual dos personagens, podem ser de autoria de Nonaka.
Essa indefinição sobre os direitos autorais pode ser um dos motivos pelos quais a série nunca recebeu continuações ou adaptações, mesmo sendo um grande sucesso no Brasil. No Japão, Cybercop teve uma recepção morna e nunca se consolidou como uma franquia duradoura, ao contrário de outras produções de tokusatsu da época.
O sucesso inesperado no Brasil
No Brasil, Cybercop encontrou um público fiel. A dublagem nacional ajudou a tornar a série memorável, e a estética diferenciada atraiu uma geração que cresceu assistindo a produções japonesas. O que para os japoneses foi uma tentativa de inovar sem sucesso, no Brasil se tornou um marco nostálgico, tal como foi debatido entre Rafael e o time da Resistência Tokusatsu.
O Brasil foi um dos poucos países onde Cybercop conseguiu se destacar, isso pode estar relacionado ao fato de o público brasileiro estar mais acostumado a produções japonesas, graças ao sucesso de outras séries como Jaspion e Changeman.
Qual seria o futuro de Cybercop?
Caso uma continuação fosse feita com a assinatura de Minoru Nonaka, essa possível nova versão poderia incluir elementos descartados na série de TV, como um enredo mais profundo sobre a origem dos personagens e sua relação com um passado ligado a civilizações antigas e não apenas ao conceito de viagem no tempo. Dessa forma, os fãs poderiam finalmente ter a chance de conhecer um Cybercop diferente do que foi exibido na televisão.
Muito embora a série tenha tido um dojinshi (ou seja, um mangá feito por fãs) publicado no Japão, além de gibis brasileiros que trouxeram histórias inéditas dos Policiais do Futuro. Uma delas, inclusive, apresenta a unidade Vênus trajada por Tomoko.
Aliás, agora que você já sabe quais são os segredos dos Cybercop por Minoru Nonaka, continue conosco e confira abaixo as versões em quadrinhos mencionadas acima disponíveis gratuitamente para download: