Atragon

Atragon: a lenda submarina que marcou o cinema japonês

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Lembra da era dourada dos filmes de ficção científica japoneses? Em 1963, a Toho, famosa pelos seus clássicos de tokusatsu, lançou Atragon (“Kaitei Gunkan” no original), um tokusatsu que mistura elementos de guerra, aventura e civilizações perdidas.

Baseado em uma história escrita por Shunrō Oshikawa no final do século 19, o filme dirigido por Ishirō Honda e com efeitos especiais de Eiji Tsuburaya se tornou um marco no gênero. Desde então, Atragon vem encantando gerações com sua mistura única de drama militar e fantasia subaquática.

A trama de Atragon: guerra nas profundezas

No enredo de Atragon, o mundo está ameaçado pelo ressurgimento do Império de Mu, uma antiga civilização que afundou no oceano há milhares de anos. Com acesso a uma tecnologia incrível alimentada por energia geotérmica, os habitantes de Mu planejam conquistar a superfície.

Diante dessa ameaça, o almirante aposentado Kusumi descobre que o capitão Jinguji, dado como morto desde a Segunda Guerra Mundial, está vivo e trabalhando em um projeto secreto: o submarino Gotengo, também conhecido como Atragon.

O submarino não é apenas uma arma subaquática, mas também uma nave capaz de voar e perfurar a terra. Inicialmente, Jinguji se recusa a usar o Gotengo contra Mu, pois sua intenção era apenas restaurar a glória do Japão imperial. No entanto, após ataques devastadores realizados pelo Império de Mu, ele finalmente concorda em utilizar sua criação para salvar o mundo.

O Império de Mu e seus avanços tecnológicos

O Império de Mu é retratado como uma sociedade extremamente avançada. Seus habitantes vivem sob a liderança de uma imperatriz e utilizam uma tecnologia que impressiona mesmo as nações modernas. Um dos destaques é a presença de uma fonte de energia artificial que funciona como um sol subaquático. Eles também possuem submarinos poderosos e a criatura lendária Manda, um dragão marinho que serve como protetor do império.

A representação visual do Império de Mu é rica em detalhes, com palácios inspirados em antigas civilizações asiáticas e ocidentais. Para a famosa cena de dança ritual, mais de 600 figurantes foram utilizados, criando uma das sequências mais memoráveis do filme.

A produção de Atragon: uma obra-prima do tokusatsu

Produzir Atragon foi uma tarefa ambiciosa. A Toho investiu cerca de 70 milhões de ienes em cenários e modelos. O submarino Gotengo foi construído em cinco tamanhos diferentes, incluindo um modelo de 4,5 metros totalmente funcional, capaz de se mover por controle remoto. Para as cenas subaquáticas, foram utilizados tanques de água e filtros especiais que criavam a ilusão de profundidade.

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A cena de teste do Gotengo, onde ele emerge do oceano e decola, foi um dos destaques da produção. Usando três modelos diferentes em cortes distintos, a equipe de efeitos especiais liderada por Eiji Tsuburaya conseguiu criar uma sequência incrivelmente realista.

Outro grande desafio foi a destruição do distrito de Marunouchi, em Tóquio. Os edifícios em miniatura foram projetados para desmoronar lentamente, mas a execução não saiu como esperado, e toda a cena teve que ser salva na edição.

Elementos cortados e mudanças no roteiro

Inicialmente, o roteiro de Atragon previa cenas adicionais, como ataques do Império de Mu a Nova York e outras grandes cidades. No entanto, devido ao orçamento e ao cronograma apertado, essas cenas foram cortadas.

Outra mudança importante foi a remoção de uma sequência em que Jinguji se recusaria a salvar sua própria filha, Makoto, em nome da missão. O diretor Ishirō Honda considerou que essa cena tornaria o filme muito pessoal, desviando o foco da mensagem global da história.

O impacto cultural de Atragon

Atragon foi um sucesso de bilheteria no Japão, arrecadando cerca de 175 milhões de ienes e se tornando o 13º filme mais lucrativo de 1963. Além disso, participou de festivais internacionais, como o Festival de Ficção Científica de Trieste, onde recebeu elogios pela criatividade e pelos efeitos visuais.

Nos Estados Unidos, o filme foi lançado em 1965 pela American International Pictures onde recebeu o título de Atragon em vez de Kaitei Gunkan. Ele se tornou popular entre os fãs de ficção científica e tokusatsu, sendo transmitido regularmente na televisão americana até os anos 1980. Posteriormente, foi lançado em vídeo e DVD, consolidando sua posição como um clássico cult.

Legado e continuações

O sucesso de Atragon inspirou diversas continuações espirituais e referências em outras obras. Em 1995, foi lançado um OVA intitulado Super Atragon, baseado nos mesmos romances que inspiraram o filme original. Além disso, o submarino Gotengo reapareceu em outras produções da Toho, como Godzilla: Final Wars, onde enfrentou novamente a criatura Manda.

Outro legado importante foi a influência de Atragon no design de naves e cenários de outras obras de ficção científica japonesas. A ideia de uma nave que pode operar em três ambientes – terra, água e ar – foi reutilizada em diversas séries e filmes ao longo das décadas.

Hoje, mais de seis décadas após seu lançamento, Atragon continua a ser uma referência, provando que uma boa história e efeitos visuais inovadores podem resistir ao teste do tempo, a exemplo de grandes nomes como Godzilla. Aliás, continue conosco e confira este conteúdo que produzimos sobre o rei dos monstros!

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