Por que Zetman é mais tokusatsu que muito tokusatsu por aí?

Apesar de não pertencer oficialmente ao universo do tokusatsu, Zetman é uma obra que respira elementos do gênero. Criado por Masakazu Katsura, o mangá surgiu em 1994 como um one-shot na Weekly Shōnen Jump, e ganhou série própria a partir de 2002, na revista Weekly Young Jump.

Com forte pegada dramática, temas adultos e narrativa complexa, a história de Jin e Kouga se desenrola ao longo de 20 volumes e ganhou adaptação em anime em 2012.

A origem de Zetman: entre o humano e o artificial

Jin Kanzaki, protagonista da obra, é o produto do projeto secreto Z.E.T. da Amagi Corporation. Criado para ser uma arma contra criaturas chamadas Players, ele é resgatado ainda criança por Goro Kanzaki, cientista arrependido que o cria como humano. Com o tempo, Jin descobre sua origem e entra em conflito entre ser uma pessoa comum ou assumir seu destino como o ser superpoderoso chamado ZET.

Kouga Amagi e o ideal de justiça

Kouga é neto do fundador da Amagi Corporation e sonha em ser um herói desde criança, inspirado pelo anime fictício Ginga Chōjin Alphas. Ao descobrir os segredos obscuros de sua família, decide criar a armadura Alphas para combater os Players com tecnologia. Diferente de Jin, sua motivação vem de um idealismo quase infantil, o que gera atrito entre suas ações e as consequências reais.

Influências do tokusatsu: heróis, monstros e transformações

Zetman apresenta um herói que se transforma em meio ao caos para combater monstros gigantes. A diferença é que a transformação de Jin não é glamourosa, nem automática. Ela é dolorosa, instável e marcada por perdas. O ZET é um ser com aparência monstruosa, confundido com os próprios vilões.

Design assinado por nomes ligados ao tokusatsu

O visual dos personagens conta com nomes conhecidos: Yasushi Nirasawa e Katsuya Terada criaram os Players; Takayuki Takeya foi responsável por Alphas; e Akira Toriyama, criador de Dragon Ball, colaborou com o design do carro da Amagi Electro. As influências visuais do tokusatsu são claras na estética da obra, cujos volumes você pode conferir abaixo.

Enredo fragmentado e marcado por dilemas morais

O eixo central de Zetman gira em torno da questão: o que é justiça? Jin prefere salvar quem está ao seu redor, mesmo que isso não resolva o problema maior. Kouga pensa no bem coletivo, mesmo que isso exija sacrifícios individuais. Esses conflitos culminam num confronto inevitável entre ZET e Alphas.

Players, EVOL e uma sociedade em ruínas

As ameaças são os Players, criaturas criadas pela própria Amagi. Entre eles, destaca-se o grupo EVOL, que passa a manipular o governo e domina o Japão de forma velada. Ao longo da narrativa, Jin se afasta cada vez mais de sua humanidade, enquanto Kouga perde a sanidade ao tentar ser um herói perfeito.

O anime: adaptação de 13 episódios

A versão animada de Zetman, exibida em 2012, sintetiza parte dos eventos do mangá em 13 episódios. Embora bem animada, a adaptação corta vários personagens e arcos importantes, o que prejudica o entendimento completo da obra. Ainda assim, é uma porta de entrada para quem deseja conhecer o universo de Jin e Kouga.

Zetman: herói ou arma?

A figura de Jin sintetiza uma discussão comum em obras de tokusatsu: o herói é aquele que luta ou aquele que escolhe lutar? No caso de Zetman, a linha entre herói e monstro se confunde. Ele não veste um uniforme para se transformar; seu corpo se torna a arma. Isso o aproxima do conceito de henshin hero, mas com uma pegada mais crua.

Por que Zetman não é tokusatsu, mas poderia ser?

Mesmo sem adaptação em live-action e efeitos especiais práticos, Zetman absorve a essência dos tokusatsu. O conflito entre justiça e poder, o uso de transformações para combater ameaças, e o visual carregado remetem diretamente a esse universo. Mas sua violência, carga dramática e abordagem adulta o afastam das convenções tradicionais do gênero.

Zetman segue como um exemplo de como as influências dos tokusatsu podem se expandir para outros formatos. Não à toa, muitos fãs do gênero se identificam com a obra, mesmo sem ela ser oficialmente parte do universo.

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