Walter Jones responde à polêmica do Ranger Preto: “Não foi um erro”
Uma fala do roteirista Tony Oliver reacendeu um antigo debate sobre a escalação dos atores em Mighty Morphin Power Rangers. Ao comentar que a escolha de colocar um ator negro como o Ranger Preto e uma atriz asiática como a Ranger Amarela teria sido um “erro”, conforme noticiamos aqui, Oliver abriu espaço para reflexões — e também para a resposta firme de quem viveu esse papel de forma histórica: Walter Emanuel Jones.
A fala de Tony Oliver e a repercussão
Durante um episódio da série documental Hollywood Demons, Oliver relembrou a decisão criativa tomada nos anos 1990 como “um erro enorme”, ao associar os uniformes aos perfis étnicos dos atores. A fala dividiu opiniões, especialmente pela distância temporal e pelo contexto da época em que a série foi produzida.
No entanto, o impacto maior veio da resposta pública de Walter Jones, que se posiciona como o primeiro ator negro a interpretar um super-herói na televisão americana, que viu na fala de Oliver um risco de apagar o valor simbólico de sua presença na série.
A resposta de Walter Jones
Em seu perfil no Instagram, Jones foi direto:
“Chamar isso de erro é ignorar o impacto que minha presença teve sobre milhões de crianças ao redor do mundo”.
Para ele, viver Zack Taylor — o primeiro Power Ranger Preto — foi mais do que interpretar um personagem. Foi participar de uma mudança.
Jones ainda reconheceu que há espaço para críticas e debates sobre representatividade, mas alertou que o foco não deve ser o arrependimento, e sim o que foi construído a partir da visibilidade. “Não foi um erro. Foi um marco. Foi uma honra”, escreveu.
A força simbólica do primeiro Ranger Preto
A fala de Walter Jones vai além da defesa pessoal. Ela se conecta com uma discussão mais ampla sobre como figuras públicas e personagens influenciam a autoestima e a construção de identidade de jovens, especialmente em contextos onde a representatividade ainda é escassa.
Na época da estreia, Power Rangers foi um fenômeno que atravessou fronteiras, chegando ao Brasil pela Fox Kids e depois pela TV Globo. Crianças de diferentes origens se viam, talvez pela primeira vez, espelhadas em heróis com quem podiam se identificar — inclusive na cor da pele.
Humor, crítica e amadurecimento
De acordo com o site Hollywood Reporter, Walter Jones também relembrou que, mesmo durante as gravações da série, fazia piadas bem-humoradas sobre o assunto. Mas à medida que o tempo passou, o olhar do público mudou — o que antes parecia natural, passou a ser lido com mais atenção e crítica.
Para Jones, esse tipo de amadurecimento é bem-vindo, desde que não invalide o impacto positivo vivido por ele e pelo público.
“Quando criança, você só vê um herói. Quando adulto, você vê camadas. Mas isso não significa apagar a história.”
O peso da intenção x impacto
Mesmo que a escolha dos uniformes não tenha sido intencionalmente baseada em estereótipos, como afirmaram tanto Oliver quanto outros produtores da época, o debate mostra como as decisões narrativas e visuais numa obra voltada ao público jovem têm consequências duradouras.
O próprio Walter Jones destacou esse ponto: a intenção pode não ter sido ofensiva, mas o impacto — positivo ou negativo — não pode ser ignorado.
Até porque o início de Power Rangers foi marcado por outras polêmicas, tais como: insolação e dinheiro oferecido para substituir um ator que adoeceu e desmaiou durante as gravações. Para entender como isso aconteceu, confira este conteúdo que produzimos!