Site é denunciado por lucrar com spoilers de filmes de tokusatsu

Site é denunciado por lucrar com spoilers de filmes de tokusatsu

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Uma operação envolvendo cinco pessoas e uma empresa sediada em Sendai, no Japão, chamou a atenção do público e da imprensa especializada no dia 20 de maio: um site com mais de 8 mil títulos transcritos foi denunciado por violação de direitos autorais. O que chama atenção não é apenas o volume, mas o tipo de conteúdo: os envolvidos publicavam versões textuais completas de filmes protegidos por grandes estúdios japoneses como Toho, Toei, Kadokawa e Tsuburaya.

A prática, apelidada de “Fast Movie em versão texto”, ia muito além das resenhas comuns. Com riqueza de detalhes, os textos reproduziam cada diálogo, cena e até movimentações dos personagens — o que, na prática, equivalia a disponibilizar o roteiro integral das obras.

Entre os filmes afetados estão produções recentes de tokusatsu, como Godzilla Minus One (2023), Shin Kamen Rider (2023) e Shin Ultraman (2022). Todas as obras estavam disponíveis no site junto de imagens e links monetizados por publicidade.

Estrutura organizada e fins lucrativos

Segundo a investigação, o site operava como um negócio estruturado: havia uma divisão clara de funções, desde o gestor principal da empresa até escritores contratados via agências de recrutamento.

Os textos geravam receita por meio de anúncios, e os lucros eram reinvestidos na manutenção da plataforma e no pagamento dos colaboradores — evidenciando um esquema profissional voltado à reprodução indevida de conteúdo protegido.

A organização CODA (Content Overseas Distribution Association), que cooperou com a investigação, afirmou que o caso configura uma violação clara dos direitos autorais, indo muito além dos limites legais de citação ou uso justo.

A operação foi considerada rara, inclusive pelo fato de a empresa responsável ter sido formalmente encaminhada para julgamento, algo incomum no Japão quando se trata de violação de copyright por texto.

O alerta para o público

A CODA aproveitou o caso para emitir um alerta ao público, especialmente aos fãs de cinema e cultura pop japonesa. Segundo a entidade, o consumo de conteúdo pirateado — mesmo que em forma de texto — enfraquece a indústria, desestimula o pagamento por acesso legítimo e contribui para alimentar práticas criminosas.

A organização reforçou que muitos veículos respeitam os limites definidos pelos detentores de direitos ao publicar conteúdos relacionados a filmes, especialmente quando envolvem enredos, imagens ou elementos centrais da narrativa. Sites que ignoram esses limites, ainda que não exibam os vídeos diretamente, podem ser penalizados conforme a legislação japonesa.

Justiça e cultura em debate

O caso reacende discussões já antigas sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão, crítica cultural e proteção legal. Publicar uma resenha, um resumo ou até um comentário com trechos da obra costuma ser prática aceita e até incentivada. No entanto, transformar a narrativa inteira em um “livro” publicado na íntegra com fins lucrativos cruza uma linha que as autoridades japonesas não estão dispostas a ignorar.

A expectativa agora é de que o caso sirva como precedente para novos julgamentos envolvendo transcrição ilegal de conteúdos protegidos. O julgamento da empresa e dos cinco envolvidos deve ocorrer nos próximos meses, e o desfecho pode impactar a forma como sites de conteúdo lidam com obras da cultura pop.

Inclusive, a CODA já apoiou uma operação no Brasil voltada a combater sites piratas de anime e tokusatsu. Saiba mais sobre o caso aqui.

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